"Desapontamento" é uma palavra forte para descrever o desempenho de uma moeda. Parecia que a menor vulnerabilidade da libra às tarifas comerciais de Donald Trump, a estabilidade relativa da política do Partido Trabalhista e o ritmo moderado de flexibilização monetária do Banco da Inglaterra poderiam oferecer um colchão de segurança para a libra esterlina. No entanto, uma queda de 6% no GBP/USD desde os picos de setembro conta uma história diferente. Durante boa parte do ano, os traders apostaram que a libra poderia ser a moeda de melhor desempenho entre as do G10. Esse cenário frustrado resultou em uma forte redução nas posições compradas e em uma queda significativa do par.

De janeiro a setembro, os EUA registraram um superávit comercial de 8,2 bilhões de dólares com a Grã-Bretanha. Somado à grande participação do setor de serviços na economia britânica, isso torna o Reino Unido relativamente menos vulnerável às tarifas de Donald Trump do que a China ou a zona do euro. No entanto, Catherine Mann, membro do Banco da Inglaterra, acredita que o país ainda enfrentará dificuldades. Tarifas de importação poderiam acelerar a inflação e enfraquecer a posição econômica da União Europeia, o principal parceiro comercial do Reino Unido.

Além disso, os indicadores econômicos britânicos não são tão promissores quanto no início do ano. O PIB cresceu apenas 0,1% entre julho e setembro, enquanto as preocupações com o impacto negativo das disputas comerciais levaram o mercado de derivativos a revisar para cima as expectativas de expansão monetária do Banco da Inglaterra em 2025, de 57 para 66 pontos-base. Espera-se que o Federal Reserve implemente três cortes de taxa, o que teoricamente deveria apoiar o GBP/USD. No entanto, o Reino Unido carece de um "Donald Trump britânico" para impulsionar políticas econômicas controversas mas, potencialmente, favoráveis ao mercado.

Dinâmica de risco da reversão do GBP

Por muito tempo, a libra esterlina liderou o desempenho entre as moedas do G10, mas a vitória republicana nas eleições dos EUA reverteu essa tendência de forma abrupta. Os traders agora consideram que a divergência no crescimento econômico entre os Estados Unidos e o Reino Unido pesa mais do que as diferenças no ritmo de flexibilização monetária entre o Federal Reserve e o Banco da Inglaterra, o que tem pressionado o par GBP/USD para baixo. Essa percepção aumenta os riscos de uma tendência de baixa prolongada para a libra em relação ao dólar americano.

O movimentado calendário econômico do Reino Unido poderia mudar esse cenário? De acordo com especialistas da Bloomberg, é esperada uma aceleração anual da inflação de 1,7% para 2,2% em outubro. Mais importante ainda, um possível retorno dos preços dos serviços acima de 5% poderia ter um impacto significativo. Esse componente do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) é a principal justificativa para as ações mais restritivas dos "falcões" do Banco da Inglaterra. A previsão é de uma pausa no ciclo de flexibilização monetária em dezembro, seguida de uma possível retomada dos cortes na taxa de recompra em fevereiro.

Ninguém espera um desempenho notável da atividade comercial do Reino Unido em novembro, enquanto uma contração nas vendas no varejo de outubro pode ser outro golpe para a libra esterlina. A fragilidade da economia impede a libra esterlina de contra-atacar o dólar americano.

Perspectiva técnica para o GBP/USD

No gráfico diário, uma tendência de baixa moldada pelo padrão Três Índios está ganhando força. Faz sentido manter as posições vendidas abertas em 1,284 e adicionar mais posições durante os recuos. Os níveis-alvo variam de 1,250 a 1,230.